terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sinto muito

Sinto tudo no meio deste nada que me preenche de gente, sinto me grande, pequena, gorda ou magra, mas sinto-me acima de tudo vazia de sentimentos, vazia de vontades, vazia de pessoas que sentem como gente.
Sinto que este mundo virou outro qualquer, sinto o que era pesado, agora leve e quase esquecido, sinto que o amor, esse anda envergonhado e o tempo cada vez mais forte, mais rápido, cada vez mais o tempo não tem tempo nenhum.
Sinto falta das gargalhadas desconhecidas, dos beijos desavergonhados de amor, das cartas pirosas e dos olhares apaixonados, sinto falta que se sinta, que se agarre, que se prenda e no momento haja apenas o presente.
Sinto falta das paixões que tive, dos amores que conheci, dos amigos que juntei, dos outros tantos que separei, sinto falta de romance, de suspiros e de sonhos, sinto falta de risos envergonhados, de abraços apertados, sinto falta de ver o que há muito perdi.
Sinto-me presa ao que só eu vejo, sinto-me feliz com o que só eu sinto, sinto-me tua sem rótulos ou notícias de última hora, sinto arrepios, desfaço-me em sorrisos, multiplico-me em vontades, sinto que o hoje dura para sempre, se o hoje for contigo.
Sinto, sinto muito, que os outros que moram lá fora vão gritar como loucos, impedir como feras e ditar o fim ao que é nosso sem ninguém saber. Sinto que o mundo deixou de sentir à muito tempo, vive de caras, de noticias, de moda e de dinheiro e tudo o resto deixou de tempo para existir, quando se cresce, o mundo vira amargo e as pessoas deixam de querer sentir como gente.
Sinto que não sei o que sinto e sinto que quero sentir sempre mesmo que nunca aprenda a sentir como gente, afinal estamos aqui para sentir entre a gente!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Fim de linha

Às vezes penso que perdi o jeito ou simplesmente esqueci as palavras e preferi fugir deste espaço onde me confesso sem ninguém ver. Outras vezes, penso que não sou nada sem letras, que me esfolo entre a vida e só este espaço me entende, onde escrevo o que quero e não quero, apenas escrevo parte da minha vida, que em minutos vira parágrafos, afirmações, perguntas e quase sempre termina com uma conclusão, que resume o meu eu.
Tudo o que queremos e não queremos, passa sem medo, passa sem tempo e com pressa, é uma corrida de sentimentos, de momentos e uma certeza de saudade.
Fim de linha, terminam sonhos, terminam palavras, termina tudo e não acaba nada, é apenas um fim de linha, e um começo de um parágrafo.
Uma vida cheia, pequena, genuína, uma vida sem novelas, sem textos estudados ou sentimentos predefinidos, uma vida autêntica e cheia de tudo. Um mundo encantado, onde eu olho mil e uma histórias, descodifico sorrisos e derreto-me em gestos.
Uma amiga para a vida, um amigo sem juízo, um amor mal resolvido, uma história sem sentido que dá voltas aos dias e passa à perna a muita gente, mas é forte como pedra, frágil como areia e eterno como os grandes, é fogo quente e chama acesa quando meio mundo pensa que é gelado como gelo.
Uma família como as outras e diferente de toda a gente, uma lágrima de saudade e um desespero por justiça, um dia bom e sete dias maus, uma revolta que não se explica e que muitos tentam explicar, o desejo que fica para a vida, sem nunca se realizar, uma família unida, depois do mundo desabar.
Um liceu cheio de tudo que de repente fica sem nada, uma tarde de sorrisos e uma manha da cara zangada, uma conversa de carteira e uma lágrima de casa de banho, uma confissão num apontamento e uma gargalhada num banco velho e cansado. Um sim no recreio e um não na vida, um teste mau e uma boa noticia, um abraço apertado e uma zanga complicada, um passado bem guardado e um presente de cara lavada.
Alguém que conhecemos entre sorrisos envergonhados, que nos cativa pelas palavras, pelos olhares, encontramo-nos em cada abraço, em cada saudade, em cada conselho ou palavra, prendemo-nos um ao outro sem querer, e num segundo somos mais muito mais do que apenas conhecidos.
Fugimos do bom e do mau, fechamos a cadeado o que é nosso, impedimo-nos de tudo e preferimos não viver a sentir o proibido, choramos lágrimas mudas, dizemos não à saudade, somos orgulhosos sem saber o significado e por fim rendemo-nos a tudo o que não conhecemos, que não queremos, mas que sem querer desejamos e temos vontade que por um segundo seja nosso e que dure para sempre.