quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Fim de linha

Às vezes penso que perdi o jeito ou simplesmente esqueci as palavras e preferi fugir deste espaço onde me confesso sem ninguém ver. Outras vezes, penso que não sou nada sem letras, que me esfolo entre a vida e só este espaço me entende, onde escrevo o que quero e não quero, apenas escrevo parte da minha vida, que em minutos vira parágrafos, afirmações, perguntas e quase sempre termina com uma conclusão, que resume o meu eu.
Tudo o que queremos e não queremos, passa sem medo, passa sem tempo e com pressa, é uma corrida de sentimentos, de momentos e uma certeza de saudade.
Fim de linha, terminam sonhos, terminam palavras, termina tudo e não acaba nada, é apenas um fim de linha, e um começo de um parágrafo.
Uma vida cheia, pequena, genuína, uma vida sem novelas, sem textos estudados ou sentimentos predefinidos, uma vida autêntica e cheia de tudo. Um mundo encantado, onde eu olho mil e uma histórias, descodifico sorrisos e derreto-me em gestos.
Uma amiga para a vida, um amigo sem juízo, um amor mal resolvido, uma história sem sentido que dá voltas aos dias e passa à perna a muita gente, mas é forte como pedra, frágil como areia e eterno como os grandes, é fogo quente e chama acesa quando meio mundo pensa que é gelado como gelo.
Uma família como as outras e diferente de toda a gente, uma lágrima de saudade e um desespero por justiça, um dia bom e sete dias maus, uma revolta que não se explica e que muitos tentam explicar, o desejo que fica para a vida, sem nunca se realizar, uma família unida, depois do mundo desabar.
Um liceu cheio de tudo que de repente fica sem nada, uma tarde de sorrisos e uma manha da cara zangada, uma conversa de carteira e uma lágrima de casa de banho, uma confissão num apontamento e uma gargalhada num banco velho e cansado. Um sim no recreio e um não na vida, um teste mau e uma boa noticia, um abraço apertado e uma zanga complicada, um passado bem guardado e um presente de cara lavada.
Alguém que conhecemos entre sorrisos envergonhados, que nos cativa pelas palavras, pelos olhares, encontramo-nos em cada abraço, em cada saudade, em cada conselho ou palavra, prendemo-nos um ao outro sem querer, e num segundo somos mais muito mais do que apenas conhecidos.
Fugimos do bom e do mau, fechamos a cadeado o que é nosso, impedimo-nos de tudo e preferimos não viver a sentir o proibido, choramos lágrimas mudas, dizemos não à saudade, somos orgulhosos sem saber o significado e por fim rendemo-nos a tudo o que não conhecemos, que não queremos, mas que sem querer desejamos e temos vontade que por um segundo seja nosso e que dure para sempre.

1 comentário:

  1. Há momentos em que eu dava tudo para encontrar as palavras certas e dizer-tas olhos nos olhos, como se fosse um turbilhão de sentimentos a jorrar-me pela boca e a chegar directo à tua alma. Mas não consigo. Não consigo porque é impossível exprimir em palavras aquilo que hoje eu sinto por ti, o quanto eu gosto de ti. É uma cumplicidade enorme, é um sentimento grande que ao mundo faz inveja mas que a nós faz falta, faz bem, faz feliz. É algo impossível de largar por um minuto que seja, por tão puro e genuíno que é. É uma confiança enorme, uma cumplicidade difícil de encontrar por aí, é um falar de tudo sem dizer nada, sem sequer abrir a boca. ‘Eu conheço-te e tu conheces-me’, tão perfeitamente que ‘há dias em que as duas somos o mundo e outros em que o mundo somos nós duas’. E eu sei que teremos a nossa recompensa, porque ‘todos caiem, mas só os fracos ficam no chão’. Que se lixe o mundo, que se lixe o ontem e o amanhã. Hoje nós queremos, hoje vamos viver.

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