segunda-feira, 9 de março de 2009

Nevão sonhado

Dias de amores-perfeitos, dias de nada cheios de tudo, sorrisos sem graça no meio do infinito, quedas partilhadas sem medo do tombo, vontades conquistadas e saudades de um mundo novo. Não passas de nada, a não ser miragem, foste neve na minha vida e gelo que passa sem volta, levaste-me ao pico mais alto e fizeste-me acreditar em príncipes. Não és amor, nem paixão, muito menos casamento ou para sempre, és o sonho que passa e não volta, o rapaz com graça que nos marca na praça. És o olhar de ternura, as palavras de vontade, és o sonho de uma madrugada, a certeza de uma serra, és o nevão que passa sem deixar mais rasto.
Saudade do silencio que murmurámos juntos, das vezes que eu te toquei sem tocar, das palavras ditas no nada e compreendidas por gestos, lágrimas derramadas sem choro, desesperos partilhados sem barreiras, almas encontradas e escondidas no alto mais alto da montanha.
Dias esquecidos do resto do mundo, sem medos acumulados, sem desilusões contínuas, protegida por o desconhecido perfeito, abraçada ao tempo, perdida em cada pegada nossa, sem passado, sem futuro, apenas nós, no meio do sonho contado ao segundo, sonho jamais regressado, mas sonho jamais esquecido.
O frio aqueceu-me o que o calor gelou, a neve foi brasa no meu corpo, foi conforto no que já não conhecia vontade ou sorriso, foste mais que miragem, foste o início quando já não havia começo.
Foste príncipe sem cavalo, foste neve derretida, foste sonho sem sentido e beijo congelado, foste eterno durante segundos e passageiro para o resto da vida.
Mi príncipe de nieves!

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